Um relatório divulgado pelo jornal The New York Times e publicado na segunda-feira (17), expôs a recusa da administração Biden em lidar com as informações de que crianças imigrantes estariam sendo forçadas a trabalhar ilegalmente nos Estados Unidos.
O documento aponta que os alertas foram enviados, inúmeras vezes, ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos, inclusive ao secretário Xavier Becerra.
Ao jornal, uma ex-funcionária identificada como Linda Brandmiller, que trabalhava em uma arena em San Antonio ajudando os patrocinadores e detectando possíveis tráficos, disse que identificou dois casos na primeira semana de serviço: em um, o homem estava patrocinando três meninos para empregá-los em sua construtora e outro, tentava patrocinar duas crianças para trabalhar para arcar com os custos de levá-las para o norte.
Linda imediatamente contatou, por e-mail, os supervisores do Departamento e a agência federal responsável pelas crianças: “Isso é urgente”, escreveu.
Ao perceber que uma das crianças estava para ser entregue a um dos homens, ela enviou outro alerta, desta vez pedindo a “atenção imediata” de um supervisor e acrescentando que o governo já havia enviado um menino de 14 anos para o mesmo patrocinador.
Alguns dias depois, seu acesso ao prédio em que trabalhava foi revogado durante o horário de almoço.
De acordo com uma investigação do Times, nos últimos anos, mais de 250.000 crianças imigrantes vieram sozinhas para os Estados Unidos. Milhares delas acabaram trabalhando durante a noite em matadouros, substituindo telhados, operando máquinas em fábricas.
Além dos avisos da ex-funcionária, o jornal apontou que empregados veteranos do governo e contratados externos também alertaram ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos que as crianças pareciam estar em risco: “O Departamento do Trabalho divulgou comunicados noticiando o aumento do trabalho infantil e os assessores seniores da Casa Branca viram evidências de exploração”, disse a reportagem.
Procurados para uma declaração oficial, as autoridades expressaram preocupação com as crianças, mas transferiram a culpa por não protegê-las.
Funcionários do HHS disseram que o departamento examinou os patrocinadores, mas não conseguiu controlar o que aconteceu com as crianças depois de serem liberadas. O monitoramento dos locais de trabalho, disseram eles, era tarefa do Departamento do Trabalho.
Funcionários do Departamento do Trabalho disseram que os inspetores aumentaram seu foco no trabalho infantil e compartilharam detalhes sobre os trabalhadores do HHS, mas disseram que não era uma agência de bem-estar.
E funcionários da Casa Branca disseram que, embora os dois departamentos tenham repassado informações sobre o trabalho infantil imigrante, os relatórios não foram sinalizados como urgentes e não deixaram claro o escopo do problema. Robyn M. Patterson, porta-voz da Casa Branca, disse em um comunicado que o governo agora está aumentando o escrutínio dos empregadores e revisando sua verificação de patrocinadores.
“É inaceitável que as empresas estejam usando trabalho infantil, e este governo continuará trabalhando para fortalecer o sistema para investigar essas violações e responsabilizar os infratores”, diz o comunicado.
Pelo menos cinco membros da equipe de saúde e serviços humanos apresentaram queixas e disseram ao jornal que foram expulsos depois de levantar preocupações sobre a segurança infantil.
A Casa Branca se recusou a comentar o motivo do governo não ter reagido anteriormente aos inúmeros sinais de que crianças imigrantes estavam sendo exploradas.
De acordo com a lei, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos é responsável por avaliar os patrocinadores para garantir o bem-estar das crianças e protegê-las do tráfico ou exploração.
Representamos causas imigratórias em todos os Estados Unidos e oferecemos triagem inicial gratuita do seu caso.