Advogada de imigração Renata Castro, fundadora do Castro Legal Group, faz uma análise sobre as propostas do candidato Democrata à presidência dos Estados Unidos
O adversário de Donald Trump nas urnas em novembro será Joe Biden, do Partido Democrata, que teve sua candidatura oficializada no dia 18 de agosto. Biden apresentou recentemente suas propostas para os imigrantes, muitas delas a serem implementados nos primeiros 100 dias de seu governo.
Entre as principais medidas estão: invalidação de decretos de Trump considerados por ele “rigorosos, cruéis e insensíveis”, reformar critérios para pedidos de asilo, modernizar o sistema imigratório, dar fim à separação de famílias na fronteira, acabar com as restrições impostas a muçulmanos e cuidar da política de proteção de status temporário para pessoas refugiadas provenientes de países violentos. Biden pretende também acabar com o decreto de Trump que destina recursos federais para a construção do muro na fronteira.
Biden quer ainda coibir a imigração em massa proveniente de países da América Central. O candidato afirma que quer “se aproximar da comunidade hispânica e latina”.
O Deferred Action for Childhood Arrivals (DACA), tão bombardeado por Trump durante toda a sua gestão, será reestruturado e ampliado, caso Biden seja eleito. A ideia é proteger da deportação os pais desses estudantes, o chamados ‘Dreamers’.
Biden disse que vai fazer com que os ‘Dreamers’ passem a receber auxílio financeiro do governo para ingressar na universidade. O candidato apoiaria um projeto de lei para que esses jovens obtenham a residência permanente e cidadania americana, o que hoje não é possível.
“Plano pé no chão”
Durante o primeiro ano de governo, o programa imigratório do Democrata prevê um debate sobre “quatro pilares” fundamentais: reforma imigratória legislativa, valorização comunitária, reforço na vigilância das fronteiras e foco nas causas da migração na América Central.
Para a advogada de imigração Renata Castro, fundadora do Castro Legal Group, o plano imigratório de Biden é mais “pé no chão” e condizente com a realidade vivida pelos imigrantes. “Trump usou mais de 400 ordens executivas para prejudicar imigrantes e interferir no sistema imigratório, dificultando o caminho para o sonho americano de milhões de pessoas. Ele passou sua gestão preocupado em acabar com o que foi construído pelos seus antecessores, como lutar pelo fim do DACA, dificultar a vida de empresas que querem contratar estrangeiros, banir imigrantes de diversos países sob o argumento de que imigrantes oferecem risco para os empregos e à segurança dos americanos e isso não é verdade”, opina a advogada.
Quanto à legalização dos mais de 11 milhões de imigrantes que vivem ilegalmente nos Estados Unidos, a advogada não acredita que isso vá acontecer. “Apesar da grande expectativa, é difícil uma reforma imigratória abrangente que permita a obtenção de autorizações de trabalho por milhares – senão milhões de imigrantes – em um momento em que altos níveis de desemprego assolam o País.” A advogada complementa que, “a esperança é sem dúvida, a última que morre” e que imigrantes continuam na expectativa do melhor.
A advogada lembra que, é grande a expectativa dos imigrantes para uma política imigratória mais abrangente, mas existem outras opções de legalização para estrangeiros. “Programas de green card por ofertas de trabalho nas categorias EB-3 e EB-2, pedidos de green card para vítimas de violência doméstica (VAWA), entre outras opções, que continuam disponíveis. É importante consultar um advogado de imigração para saber sobre as opções existentes”.
Para acessar o plano de Joe Biden para a imigração acesse: https://joebiden.com/immigration/#.