Conforme o Departamento de Estado dos Estados Unidos reabre os consulados para entrevistas de vistos não emergenciais, os tempos de espera aumentaram drasticamente. Dados mais recentes dos consulados dos EUA no exterior mostram que o tempo de espera pode levar mais de um ano.
Em abril de 2021, 76% dos consulados estavam total ou parcialmente fechados para agendamentos de vistos de não-imigrantes não emergenciais. Agora, em julho de 2022, mesmo com a volta dos trabalhos, o recorde de tempo de espera atingiu os turistas e viajantes de negócios: são 247 dias – contra apenas 17 em março de 2020.
No mês de julho deste ano, 52% dos consulados agendaram entrevistas para turistas e viajantes de negócios com 6 meses ou mais de antecedência e 27% fizeram agendamentos para um ano ou mais de distância. Em Santiago, no Chile, os candidatos podem esperar 886 dias por uma entrevista, o equivalente a 2 anos e meio. Já no Rio de Janeiro, o período atingiu 454 dias. Em Porto Alegre, 406. E em São Paulo e Brasília, a média ficou em 360 dias de espera.
Segundo a advogada de imigração e fundadora do Castro Legal Group, Renata Castro, o aumento da demanda para visto de turista, principalmente para os brasileiros, não demonstra só o interesse do brasileiro em “passear nos EUA”. Para ela, essa é uma demonstração do desespero econômico e social que os brasileiros enfrentam hoje: “Eles vêem a possibilidade da obtenção do visto de turista para os EUA como uma porta de maneiras para morar no país, mesmo que de forma irregular”, disse.
Para os solicitantes de visto de imigrante, que inclui a permissão para se tornar um residente permanente, a situação é mais alarmante. Segundo dados do Departamento de Estado dos EUA, a carteira de pedidos de visto desta categoria é de mais de 400 mil. Em maio de 2022, apenas 42 mil vistos de imigrantes foram emitidos e a espera média para uma entrevista chegou a 10 meses.
Ainda de acordo com a advogada, ao mesmo tempo em que a espera e a demanda por vistos aumentaram, é de se esperar que o número de vistos negados também cresça, pois, segundo Renata, os Estados Unidos levam em conta a porcentagem de pessoas que tem os vistos aprovados e não retornam pro seu país de origem. E isso tem um impacto direto no número de vistos emitidos.
As estatísticas divulgadas não incluem o atraso de requerentes que buscam renovar seus vistos temporários. Recentemente, o Departamento de Estado dispensou a necessidade de obter uma entrevista para a maioria dos viajantes que já tinham visto nos últimos 4 anos. Mas a política tem sido implementada de maneiras muito diferentes em cada consulado. Alguns deles permitem que os solicitantes enviem a documentação necessária por correio, enquanto outros exigem que os candidatos levem pessoalmente e os demais ainda obrigam os candidatos a serem entrevistados.
Em 2012, quando o tempo de espera para vistos americanos atingiu altíssimos patamares, o então presidente Obama ordenou que 80% de todos os vistos temporários fossem emitidos em menos de 21 dias. Naquela época, turistas e viajantes de negócios brasileiros experimentaram a redução da espera de uma média de 114 dias para apenas 2 dias.
Essa ordem executiva fez com que o tempo de espera do visto fosse reduzido drasticamente, mas o ex-presidente Trump rescindiu a medida e o presidente Biden não conseguiu reemiti-la.
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